Se fosse verdade, como alguns sustentam, que Deus houvesse criado os espíritos simples e ignorantes, para depois se tornarem completos e sábios com a própria evolução, donde teria surgido e que significado teria esse jogo de voltar atrás, da vida para a morte, a cada novo passo?
É necessário tornar bem claro: a evolução não tende apenas a subir, como deveria ocorrer numa criação que nasceu imperfeita e destinada a aperfeiçoar-se, mas tende, também, intermitentemente a retroceder.
Urge explicar essa técnica estranha de construção, mediante a qual a evolução constrói, para depois demolir reconstruindo mais alto; em seguida tornar a demolir para mais tarde reconstruir mais acima assim por diante. Que maneira estranha de avançar, retrocedendo a cada passo! O fato de uma primeira criação simples não o justifica de maneira nenhuma.
Os que admitem a reencarnação e negam a teoria da queda, não percebem como estão ligadas estreitamente as duas coisas, e que, negando a queda, negam o Anti-Sistema e tudo o mais que possa explicar a presença da morte e dessa alternativa vida-morte, chamada reencarnação.
Só com a teoria da queda se explicam essas contínuas contrações das conquistas da evolução, em relação a um passado incompreensível se não estiver situado no Anti-Sistema, derivado da queda. Só assim se compreende essa tendência ao reenvolvimento das trajetórias desenvolvidas pela evolução, tendência a voltar atrás para a morte, enquanto tudo está subindo para a vida.
Esta é a explicação da intermitência da vida, possuída pelo ser. Sem a queda, a vida, embora imperfeita, deveria ser contínua, evoluindo por continuidade e não através do contraste entre os dois polos opostos, vida e morte.
A cada existência o espírito constrói para si, de acordo com o grau de evolução alcançado, um edifício adequado, e a cada vida procura levá-lo a um grau mais alto de desenvolvimento. Mas, a cada morte, o edifício é demolido e a construção orgânica desfeita até ao estado de matéria inorgânica; e a cada nova vida o edifício é reconstruído sempre num estado de unidade orgânica um pouco mais complexa e perfeita do que a precedente.
A vida representa o impulso do Sistema, dobrando-se sobre o Anti-Sistema, que resiste, em seu estado de destruição. O ser, preso nesse contraste, só pode existir arrastado ora por um, ora pelo outro impulso do Sistema, dobrando-se sobre o Anti-Sistema para fazê-lo ressuscitar. A morte representa o Anti-Sistema, que resiste, em seu estado de destruição. O ser, preso nesse contraste, só pode existir arrastado ora por um, ora pelo outro impulso, ou seja, sempre morrendo e sempre nascendo. Isto continua até que, após ter aprendido e subido tanto, sempre vivendo e morrendo, o ser aprenda a viver sem morrer jamais. Quanto mais progride para a frente, menos o ser escorrega para trás, na direção do Anti-Sistema, onde reina a morte, e cada vez mais se adianta para o Sistema onde reina a vida.
Dessa forma, o fenômeno da reencarnação não é estático, mas em contínua transformação, no sentido de se tornar cada vez mais vida e cada vez menos morte. A evolução tem a função de arruinar o Anti-Sistema e de reconstruir o Sistema.
Por isso a reencarnação é um fenômeno transitório, que tende, por meio da evolução, a aniquilar-se; quanto mais se sobe, mais a morte deve ser reabsorvida pela vida, tanto quanto o Anti-Sistema no Sistema.
Quando, à força de subir, tiver desaparecido completamente a morte, com a entrada do ser no Sistema, onde tudo é vida, então cessará também o fenômeno da reencarnação.
Terminada a construção do edifício destruído, fecha-se o ciclo das reencarnações, porque já não mais terá nenhuma função a preencher, nem razão de existir.
A grande aventura da queda está terminada e tudo reentra no estado originário de perfeição do Sistema.
Livro: O Sistema
http://www.ebookespirita.org/PietroUbaldi/OSistema.pdf
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