Respondendo o item c) como ocorre a reconstrução orgânica do Sistema desmoronado no processo evolutivo.
Já dissemos ter a queda representado uma dissolução da organicidade. Ora, é lógico consistir a evolução numa reconstrução da mesma organicidade. Para poder regressar ao Sistema é preciso, pois, reintegrar a unidade orgânica que se havia desagregado. Esse processo de reconstrução realiza-se através da Lei das unidades coletivas. A evolução opera direcionada à reunificação, movimento oposto ao da involução, direcionada à pulverização.
A evolução atua, manifestando-se, como uma realização cada vez maior e com um aumento contínuo de organicidade. O caminho do regresso é representado por um processo de reabsorção do separatismo e da desordem, através da fusão e da disciplina. Eis como acontece a reconstrução do Sistema desmoronado.
Compreende-se que é absurdo que o nosso “eu” possa voltar a fazer parte do Sistema tal como é constituído hoje, tendo em cima de si uma bagagem de qualidades próprias do Anti-Sistema.
Então, é interessante responder a esta pergunta: em que forma chegará a nossa personalidade humana, ao estado de existência própria do Sistema?
Hoje, nós humanos não somos um organismo, mas diante das novas grandes unidades coletivas do futuro, representamos o mesmo que são os elementos monocelulares diante dos mais complexos organismos criados pela vida.
Ora, é lógico que não podem ser admitidas a fazer parte de um organismo, essas individuações celulares separadas e rivais, estragadas pelo atrito de uma luta intestina entre si, unidades que consomem só dessa maneira, contraproducente para a coletividade, todas as próprias energias, não sabendo viver organicamente e não conhecendo o poder daí derivado.
Da mesma forma como os elementos monocelulares devem sofrer profundas transformações para chegar a fazer parte dos organismos superiores, assim também as individuações humanas para poderem tornar-se elementos constitutivos das grandes unidades, necessitam voltar ao estado de Sistema.
O homem deve superar sempre mais o seu separatismo e com isso aprender a viver coletivamente. É preciso compreender que a tarefa da evolução é destruir todas as qualidades do Anti-Sistema substituindo-as pelas do Sistema. Esta é a condição para se poder nele reentrar. É indispensável, pois, ser destruída a maior parte das qualidades que constituem hoje a personalidade humana. Que sejam não apenas afastadas, mas substituídas pelas qualidades opostas, como qualidades definitivamente conquistadas.
Nós humanos, portanto, voltaremos a Deus com uma forma de personalidade completamente diferente, ou seja, não como somos hoje, um amontoado desorganizado de elementos separados e rivais, mas na forma de tipo biológico orgânico, representando um modo de existir completamente diferente.
Num futuro mais próximo, ainda como parte da humanidade, o homem não será apenas um elemento num exército de microorganismos, mas poderá erguer-se às funções mais nobres de células especializadas em atividades superiores, até às nervosas e cerebrais, como ocorre no corpo humano. Unificação, fusão, reorganização, querem dizer também especialização, aperfeiçoamento e potencialização, impossíveis de outra forma. Neste sentido a reconstrução aparece como uma verdadeira criação.
Não nos iludamos pensando poder atingir Deus assim como somos hoje feitos, sozinhos; mas apenas fundidos em conjunto, abraçados ao nosso inimigo a quem tivermos perdoado, ao ignorante a quem tivermos ensinado, ao inferior a quem tivermos levantado até ao nosso nível, ao malvado que tivermos transformado em bom.
Da mesma forma como em nossa fase atual, átomos, moléculas, tecidos, órgãos, fundindo-se juntos em unidades sempre maiores, chegaram a constituir o indivíduo humano, assim no futuro, homens, famílias, grupos sociais, povos e nações, humanidades e humanidades de humanidades, fundindo-se juntos em unidades cada vez maiores, chegarão a construir unidades coletivas sempre maiores, complexas e perfeitas, constituindo no seu último estado evolutivo, o Sistema.
Se, no fundo da queda, o ser atingiu o estado de máximo separatismo, no cimo da ascensão o ser só pode atingir o estado de máxima reunificação.
Resumindo a resposta à pergunta formulada, explicamos porque, como necessidade lógica, existe o fenômeno da evolução (como consequência do período precedente inverso de involução), e depois o porquê da forma pela qual age a evolução, especialmente no plano humano (luta entre os impulsos provenientes dos dois polos opostos), mostrando enfim, como ocorre a reconstrução do sistema desmoronado (por fusão orgânica em unidades coletivas cada vez mais amplas).
Livro: O Sistema
http://www.ebookespirita.org/PietroUbaldi/OSistema.pdf
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